Isso mesmo... tic-tac... tic-tac... tic-tac...
Lê-se, hoje, n'O Globo (caderno Boa Chance, P. 6), a seguinte nota:
Profissão "designer" - A Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJC) da Câmara dos Deputados aprovou, essa semana, em Brasília, o PL - Projeto de Lei - 4.692/2012, que visa ao registro oficial da ocupação. O próximo e último desafio é conseguir a aprovação do Senado Federal. Atualmente, são mais de 179 escolas espalhadas pelo país que oferecem o curso de "designer" de interiores. De acordo com a Associação Brasileira de Designers de Interiores (ABD), mais de 80 mil profissionais da área já atuam no mercado de trabalho.
NOTA (minha): No mesmo ano de 2012, aliás, começou a
funcionar no Brasil, o Sistema CAU, de Conselhos (Federal e Regionais) de
Arquitetura e Urbanismo, entidade (criada pela lei 12.378/2010) de
profissionais que tiveram a coragem e o desprendimento de sair de sob a
fortíssima égide do CREA para seguir sua própria trilha, o seu próprio destino.
Não se menciona, na matéria, mas o país é berço de "designers" nos
mais diversos campos, tais como de paisagismo (Burle Marx), além do de
arquitetura e urbanismo (Oscar Niemeyer e Lucio Costa), mobiliário (Sergio
Rodrigues e Joaquim Tenreiro), e de marcas (Aloisio Magalhães, criador da marca
da UERJ, pontuo), entre outros.
Enquanto isso...
Uma categoria de profissionais formada na esteira de uma
área consagrada no país desde 1914, (apenas 8 anos depois de sua criação nos
Estados Unidos), que teve seu pioneiro curso de especialização na FGV, em 1953
(da qual meu professor - e mentor - Manoel Maria de Vasconcellos foi aluno), e
a fundação de sua primeira ONG, a ABRP, em 1954 - base, também, da
reivindicação de ser considerada a atividade mais que ocupação, uma profissão
regulamentada - coloca-se omissa e declinante de registros (apesar da centena
de escolas idem espalhadas pelo país), justamente no momento em que vislumbra
(logo ali, em setembro) sua autonomia e independência acadêmicas, com as novas
DCNs - reflexo da importância que a gestão de relacionamentos e de reputações
ganhou em todos os círculos de negócios, além do Estado e do Terceiro Setor.
O tempo passa para todas... as atividades
No nosso caso, das Relações Públicas brasileiras, temos um
capital imenso - este é meu juízo - com lei, regulamentação, doutrina,
jurisprudência firmada, estrutura de conselhos regionais e federal, formação em
nível de graduação a doutorado, uma base de muito mais de 100 mil formados e
potencial de mais de 30 mil registros ativos - entre pessoas físicas e
jurídicas, além das posições no serviço público (que em 90% dos casos cumpre a
lei - em 10% não cumprida por desconhecimento e incompetências de setores de RH
estatais e privados - cuja maioria esmagadora é corrigida após a intervenção do
Sistema Conferp-Conrerp), e vamos deixar isto ser tomado pela sanha
desregulamentadora, mãe da "financeirização", terceirizações e
precarização do trabalho, mundo afora? Vamos deixar nosso mercado ser tomado
por jornalistas (e outrem) em desvio de função, praticando - só - imoral
tráfico de influência? Até quando assistiremos a oportunistas lutando pela
mudança de leis e regulamentos para - além de imorais, ilegais e antiéticos -
tornarem-se "legais", "regulares", "exemplares"?
Oportunismo, arrivismo, má-fé e mau-caratismo
Lembremos o caso da lei discricionária de Getúlio Vargas,
que editou-a apenas para atender a UMA pessoa, na maior canetada da nossa
história republicana. Pois é, há um verdadeiro pelotão de pessoas trabalhando
para que algumas, senão uma pessoa, aufira o registro de relações-públicas. Mas
não se trata, este, de um mero caso de parentela - ou só compadrio - como no da
lei discricionária sancionada por Getúlio Vargas - caso muito bem contado,
aliás, no livro "Chatô, o rei do Brasil", de Fernando Morais - a qual
deu acesso individual a um (suposto) "direito", mas a abertura de uma
brecha, o verdadeiro arrombamento (aqui, agora, e alhures - há tempos - já
anunciado) de uma porteira que dizimará nossa querida, e única no mundo,
formação superior; aquela forjada na ideia sueca (Suécia: "mátria" da
profissão) de "ombudsman" (quando somos, nas organizações,
representantes de quem está fora dela) e não pela simples "tomada da
mídia" pelo poder das "corporações-clientes" via suas poderosas
assessorias "de imprensa" - autêntica jabuticaba brasileira com os
dias contados sob tal rótulo e, por isso, necessitada urgente da nossa
denominação ("public relations") - que é universal.
Robert Zemeckis inspira
Depois disso virá o desmantelamento do próprio sistema de
regulação da nossa (hoje) privativa responsabilidade técnica (R.T.) de
"informação de caráter institucional" (nossos conselhos), e o fim dos
cursos de graduação em RP (algo também já em curso, fruto da ação do mesmo
pelotão). Ou seja, nossos diplomas - de verdade - como que desaparecerão, a
exemplo - na ficção - das fotos familiares do personagem Marty McFly na saga
cinematográfica de "Back to the future".
Quem viver - sem agir - verá.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Mensagens postadas são de responsabilidade de seus respectivos autores.